sábado, 20 de março de 2010

Ao meu infantário amigo Miguel

Cocó meu mais sábio amigo
nada gosta de pensar,
mas de tudo sabe do particular,
existe nele um olhar esmigalhado e perdido.

Das coisas que não posso contar,
mas estas foram de um amor particular
Dei-me alegre ao entendido,
aos olhos, caracois e tudo o que é sentido.

Miguel das costas a pincel,
és a minha nuvem,
em geral ar e toda uma vida

Miguel docinho como o mel,
és o que convinha e convém,
não faz mal... com o teu karaté faz me uma ferida.

Ao meu amigo hardcore Luís

Nos cantos da saudade,
vejo o que é meu e teu
numa grande ansiedade
de te ver, maior Romeu.

Nos becos da cidade,
cantar ecos de felicidade
namorar absinto ateu,
mas de sabedoria se viveu.

Luís, Luís de Sousa
as bolas a rolar
e uma baliza para marcar.

Luís, Luís de Sousa
há uma seca a passar,
penetra e faz honrar.

Ao meu amigo Filosófico david

David sempre te vi
de calça e blusa branca...
David sempre te conheci
como pureza de boa anca.

A nossa saudade dança
a tua alma a que me atrevi
a conhecer e conheci,
assim se formou nossa trança.

David sempre soube,
que havias de ser doutor
a cuidar do nosso coração.

David, david, ouve!
Eu tenho por ti um grande amor
valsa-me david, neste enorme salão.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Abre, fecha, abre, fecha

Abre, fecha, abre, fecha
num sono que se boceja,
de dentro para fora
para um estrangeiro que se namora.

Fala de amores que aleija,
como um estupido que beija,
sempre, hoje e agora
a furia dos de fora.

Não alivia mas lembra
o que foi e nunca será,
sendo mesmo, só cá.

De dentro do dentro, relembra...
o que não irá,
que só mesmo agora, dentro, será...

População

Enguias, freios e chicotes,
frias cheias e mortes,
cancros, penicilinas,
epidemias e vacinas.

Os tolos vão a votos,
os crava galão, isenção...
de todos os modos
fugiu toda a autómata população.

Saldos migratórios orais,
que vão do messias aos demais.
Enganos e má fé,
boa má lingua e bom café.

Películas protectoras e solares,
coisa que queima o olhar,
ou engana os milenares...
Basta sentar, calar, ouvir, deitar.

Passos elementares

Tens etapas e passos,
caras e olhares.
Dos olhares tiras fados
e dos passos, inércias elementares.

Unicas e sobreviventes,
que do nada respiram ares
e dos ares são videntes,
do necessário, dos contrastes...

São duas a duas, sátiras...
sátiras de nós, tão evidentes
e tão fumadas de tintas caras,
que mostram as distancias assentes.

Nada...o nada

Nada, como o nada
que chove na boca,
na boca aberta e gelada
do podre coitado.

A sombra superou o criador,
não há bravura para com o amor...
O nada, nem isso é,
nem cor, nem cara, não o é...

O que dói espicaça,
tira o mau do sério
num bom assédio,
para que mais se faça.

Desespero e grito

Desentope esse ouvido,
eu grito, grito...!
e não fazes mais nada do que nada,
ser alma pasmada.

De onde vem esse tal amor?
que me foge e deixa sem cor...
Dos teus mais macabros pensamentos?
que não os conheço como alimentos...

Vou deixando o grito sair,
deixando a voz ecoar apartir,
dos restos meus,
dos olhos criados por ti Deus.

Não vivo, por não viver
sem o teu eu, ler e reler
numa passagem divina
que acaba onde acaba a colina.

Gente que aqui vive e não faz,
o que devia pelo lilaz,
que brilha, cega mas ilumina,
que é doce como uma lima.

Mas tu! Podias ajudar,
fazer amar e amar...
Sem fim metafísico,
sem fim lírico...

E grito, grito....!
Por uma cabana, um abrigo,
que de mim mendigo
fizesse podre de rico.

Já sem voz, sem fio
aos miolos que não me dás,
fico assim...para traz,
até onde foi este rio.

E vivo este alegórico rio,
a que me dou sempre,
esperando o fio,
condutor, da aliança e seu minério.

Céu.

Grita céu imenso,
as saudades gasosas,
o imenso azul
que te cobre as gentes teimosas.

Teus sonhos intensos
de um mar cinzento,
que te mande ao relento
uma pinga de tristeza.

Tanta vileza...
tantos sentimentos isentos
de negro e destreza,
dos amargos alimentos.

Chama a andorinha,
esta de uma leveza...
que voa por ti sozinha
descobrindo tua realeza.

Que sou eu?

Que sou eu, meu eu?
O rei do que não é?
O servo do que é?
ou a vitória do antigo judeu?

A derrota levitou!
Subiu ao pódio, saltou!
do cargo ao comando,
jubiloso arrastar tanto...

Ai temeroso, duvidoso poder,
pois...sei que de tanto
perco o resto insignificante.

Meu querido amante...
Meu Deus sara!
sara e consegue seu pranto....

Puras e sóbrias

Puras e sóbrias
são as almas, dos seres
de razões óbvias,
que sabem e querem mais saberes.

Com ganância de pódios
que varrem d'outrem quereres,
para entre ódios,
serem puros, altivos até os releres.

Puros em hierarquias,
escondem os instintos
e suas mais valias.

Olho gatos, cães e enguias,
seus olhos sem anatomias
e nada vejo senão, não quereres
bem indistintos.

Coisas de bem por bem,
coisas para quem sem...
sabe sem questionar,
que nada mais há a amar.

domingo, 14 de março de 2010

O ninguém sem o fazer

O ninguém sem o fazer,
maquetes de prazer
dispostas na prateleira.

O ninguém sem o fazer,
tem paredes de diversas cores,
para um monótono lazer.

Não se deixa perder em favores,
não tem calores
e faz desaparecer...

Teve e teve amores,
pedras achatadas
de sobre estas adormecer.

Ganha vida no começo da outra,
nas outras pedras caladas
que fogem gota a gota.

Um quarto, uma vista, uma pagina solta
um livro que esgota
a embriaguez das palavras.